quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Sim, cota étnica é política afirmativa!

Sim, cota étnica é política afirmativa!


A justificativa para se implantar políticas de cotas raciais perpassa os horizontes da exploração escravista de nossos antepassados. Tal regime, que por muito tempo não foi absurdo algum, nem mesmo entre os escravos de qualquer etnia, nunca deixou de ser desumano por uma razão muito simples: qualquer que seja o regime que negue direitos fundamentais e subtraia a liberdade individual é, em si, desumano.

Afinal, as cotas são para reparar os diretamente afetados pelos abusos cometidos no passado, por motivos eleitoreiros, ou simplesmente para aumentar o quantitativo de epidermes com alta concentração de melanina na população aprovada?

Outras perguntas que devem ser respondidas antes de qualquer posição: quem, hoje em dia, no Brasil, ou, qual a percentagem de indivíduos que colhem os frutos do regime escravista de modo que este obtenha vantagens por causalidade direta? Quem, hoje em dia, no Brasil, ou, qual a percentagem de indivíduos que não têm nenhuma descendência negra ou índia? É justo uma pessoa que tem um histórico familiar de necessidades e superações ser penalizada apenas pelo, no caso, azar de não ter herdado em seu fenótipo produção x de melanina?

A política de cotas étnicas é tardia, e, por isso, ineficiente no cumprimento de sua justificativa histórica. Se eleitoreiro é abuso e hipocrisia governista – basta consultar os dados do próprio IBGE para constatar. E, é segregacionista se o motivo for pura e simplesmente a tonalidade da pele. Portanto, cotas étnicas são inviáveis, imorais e não razoáveis.

A meu ver – no caso dos concursos públicos que têm como base a meritocracia – o problema é a formação educacional. É incoerente um concurso de nível médio (fase escolar secundarista) conter matérias pertencentes a cursos de ensino universitário. O ensino secundário no Brasil tornou-se um curso pré-vestibular e não de formação técnica como exigem os certames de concursos públicos (técnico administrativo, técnico judiciário, técnico...). O caminho que deveria ser trilhado é a melhoria do ensino fundamental (através de vouchers), abertura à liberdade de o ensino secundário promover diversos cursos técnicos e, assim, formar profissionais qualificados para o mercado de trabalho. Entretanto espalhou-se a cultura “bacharelesca” e se nivela cada dia mais por baixo a qualidade dos formandos no ensino superior, os quais muitas vezes não chegariam nem perto da eficiência de um bom técnico. Essa é a agenda para promover acessibilidade a todos os que querem, de fato, vencer na vida e não viver nas abas de um paternalismo de Estado.

Política afirmativa? Sim! Afirmativa de que somos preconceituosos, racistas, segregacionistas, e, em muitos casos preguiçosos!


R. B. Figueiredo

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

E você acha que vive em um país livre e justo, abençoado por Deus e bonito por natureza

E você acha que vive em um país livre e justo, abençoado por Deus e bonito por natureza


Ontem fui surpreendido por essa notícia: Governo cria sistema de COTAS para MINIMIZAR eficiência das ESCOLAS MILITARES na olimpíada de matemática, a qual compartilhei no Facebook e fiz o seguinte comentário: “Essa é a metodologia absurda que se aplica em nosso país. Impedir o mérito, penalizando os que buscam o melhor, para dar alegria a alguns incompetentes é mascarar a realidade para demonstrar resultados falsos. Mais uma vez é ‘a afirmação de um Estado totalitário intervencionista em contraposição a uma sociedade livre e justa’ que escrevi neste texto: Por que dizer não à Liberdade na Educação? Ou: Liberdade, Subsidiariedade e a Questão da Educação, com mais o respaldo desta tese de doutorado: Ensino em casa no Brasil: um desafio à escola?”, defendida na USP pela então Doutora em Educação: Luciane Muniz Ribeiro Barbosa.

No texto que escrevi defendi a liberdade das famílias poderem optar pela Educação Domiciliar (homeschooling), mas considerando que “grande parte das famílias brasileiras não têm a menor familiaridade com a cultura letrada para poder encarregar-se da educação dos próprios filhos” (comentário feito ao texto por um professor da UnB o qual não citarei o nome por não saber se tenho a devida permissão), vou argumentar o porquê acho o modelo dos vouchers o mais adequado para o atual cenário brasileiro, sem, contudo, negar a liberdade das famílias que estão aptas a exercerem o homeschooling.

Primeiramente, acho desonesto classificar as escolas como públicas simplesmente por pertencer ao Estado e particulares por pertencer à iniciativa privada, pois quando se pesquisa o significado de público encontra-se vários adjetivos como: “aberto ou acessível a todos”; “comum”; “que é de todos” dentre outros; e por último: “relativo ou pertencente ao governo de um país”. Portanto, não é errada a classificação, mas cria-se – principalmente em uma sociedade marcada pela doutrinação socialista – uma falsa sensação de que para existir uma Educação Pública, de igual acesso para todos, somente através do Estado. O que é absolutamente falso!

Qual a diferença entre uma escola particular e uma escola do Estado (Municipal, Estadual, Federal ou Distrital), e, por que não se atinge uma boa qualidade do ensino ofertado pelo Estado? Além dos motivos históricos e ideológicos que abordo no outro texto as duas perguntas são respondidas em uma só resposta: o gestor dos recursos.

Uma empresa com um gestor incompetente e que não recebe incentivos para continuar um péssimo investimento está fadada ao fracasso e à falência. Essa realidade se aplica a praticamente todo empreendimento. E uma escola também é um empreendimento, pois demanda recursos, visão, dedicação, comprometimento, escolhas e sacrifícios. A história mostra que o Estado, em geral, é um gestor incompetente, principalmente em países com dimensões continentais, com governos centralizadores e totalitários em que não se respeita o princípio da subsidiariedade. No Brasil essa é uma realidade latente.

Resumidamente – no sistema de vouchers o Governo deixa de ser o gestor da Educação Pública e passa a ser o seu financiador a fim de garantir o livre acesso de todos a uma educação de qualidade. Os país ou responsáveis de alunos em idade escolar receberiam um “cheque” para entregar a escola mais capacitada a preparar suas crianças e jovens, dentre um amplo mercado, para o mundo do trabalho e a vida adulta. As escolas competiriam para receber os recursos do Estado de acordo com a quantidade de vouchers adquiridos. A escola que fosse mal gerida e oferecesse uma Educação de qualidade ruim receberia poucos vouchers e não se sustentaria.

As escolas geridas pelo Estado enfrentam problemas crônicos como, por exemplo, funcionários e professores que se sentem à vontade de não se dedicar com a convicção da impunidade; a dificuldade em se dispensar maus funcionários/servidores (incentivo negativo à produtividade); diretores sem conhecimento financeiro necessário para gestão; dentre tantos outros problemas particulares de cada unidade escolar. Os maiores obstáculos a este tipo de política pública encontram-se nos sindicatos e professores com forte posição ideológica socialista.

Portanto, o sistema de vouchers é o caminho mais viável, no Brasil, para se oferecer a toda população uma Educação Pública de qualidade, ofertada pela iniciativa privada que é mais eficiente e competente do que o Estado.



R. B. Figueiredo

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Por que dizer não à Liberdade na Educação? Ou: Liberdade, Subsidiariedade e a Questão da Educação

Por que dizer não à Liberdade na Educação? Ou: Liberdade, Subsidiariedade e a Questão da Educação


Todas as pessoas em “CNTP” (condições normais de temperatura e pressão) desejam a liberdade seja para si ou para o próximo, em especial as pessoas de bem compartilham efusivamente desse desejo. No entanto é cada vez mais comum perceber a negação da liberdade individual em nome de uma “autoridade” de modo consciente ou inconsciente. A liberdade só é liberdade quando o indivíduo tem a faculdade de escolha, quando ele pode analisar suas capacidades e decidir se é capaz, se é prudente, se é conveniente executar uma ação, uma escolha. Toda liberdade exige do indivíduo responsabilidade e dedicação, como diria Ben Parker: “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades.” (Homem Aranha de Stan Lee, 15º Vol. Amazing Fantasy, 1962). Pode parecer piada usar uma frase de um quadrinho famoso, mas ela ilustra bem a consequência fundamental da liberdade: a responsabilidade.

Um dos princípios da liberdade individual é a subsidiariedade que consiste em uma escala de ação que começa no indivíduo e vai até, em último caso, à instância máxima de um Estado ou de uma organização superior. Portanto é dar ao indivíduo a faculdade de executar e resolver seus desejos, projetos, problemas; caso não tenha a capacidade ou julgue não ser prudente ele poderá solicitar ajuda de outro. Para se compreender melhor a respeito da subsidiariedade aconselho a leitura deste artigo do Professor Ubiratan J. Iorio[i], o professor exemplifica:

Se você tiver um problema com o seu vizinho de porta, o ideal é resolvê-lo sem recorrer ao síndico. Se a questão é no condomínio, o correto é levá-la ao síndico e não à administração regional de seu bairro. Se o problema for do bairro, melhor recorrer à administração e não à prefeitura. Caso seja da cidade, para que recorrer ao governador, se existe a figura do prefeito, que ganha para isso? Da mesma forma, se as dificuldades são em um Estado, deve-se buscar o governador e não o presidente do país.”.

Ora, para se garantir a liberdade é preciso estar em comunhão com o princípio da subsidiariedade.

Ao se considerar a diversidade e peculiaridade de cada indivíduo, qualquer pessoa em sã consciência consegue chegar à conclusão de que a instrução individual é absolutamente superior a uma instrução coletiva. Em uma sociedade livre e justa – com base na liberdade e no princípio da subsidiariedade – a conclusão de que a Educação Domiciliar (homeschooling) é uma excelente opção se torna óbvia.  Também se torna claro que a imposição de um molde como: carga horária, período, temporalidade, didática e conteúdo é uma violência, uma agressão à pessoa. Como diria Murray N. Rothbard[ii]:

Visto que cada pessoa é um indivíduo único, fica claro que o melhor tipo de instrução formal é aquele tipo que é adequado para sua própria individualidade. Cada criança possui inteligência, aptidões e interesses diferentes. Portanto, a melhor escolha do ritmo, calendário, variedade, forma e dos cursos de instrução irá diferir de uma criança para outra.

[...]

É óbvio, portanto, que o melhor tipo de instrução é a instrução individual. Um curso no qual um professor instrui um pupilo é claramente, de longe, o melhor tipo de curso. É somente sob tais condições que as potencialidades humanas podem desenvolver em seus mais altos níveis. É claro que a escola formal, caracterizada por aulas nas quais um professor instrui muitas crianças, é um sistema imensamente inferior. Visto que cada criança difere das outras em interesses e habilidades, e o professor só pode ensinar uma coisa de cada vez, é evidente que cada sala de aula deve converter toda a instrução em um molde uniforme. Independente do modo como o professor instrui, com qual ritmo, calendário ou variedade, ele está praticando um abuso com todas as crianças. Qualquer escolaridade envolve inapropriadamente estirar cada criança na cama procusteana da uniformidade incompatível”.

Partindo da perspectiva em que se busca o melhor para o desenvolvimento da pessoa, uma conduta personalista em que se respeita o indivíduo, o princípio da subsidiariedade deve ser aplicado para que se possa ter uma sociedade livre e justa. Assim, a responsabilidade pela educação das crianças paira sobre os pais – que são os mais interessados no desenvolvimento de seus filhos.

Considerando que os pais são os primeiros educadores, desde o desenvolvimento embrionário, deve ser dado às famílias o direito de escolher como será a educação formal. Quando eles não são capazes de executar essa tarefa (falta de tempo, capacidade intelectual) devem, então, contratar um tutor e se não tiverem condições financeiras devem contratar uma escola privada que (analisada pelos pais) seja compatível com as necessidades de seus filhos, pois temos na sociedade diversos níveis de alunos. As escolas buscariam oferecer modos diferentes de tutoria e assim diminuiria a agressão imposta ao indivíduo. Concluí-se, claramente, que uma definição metodológica que venha do Estado, de cima para baixo, é um abuso, uma opressão, uma tirania, um cerceamento da liberdade.

Poderia se questionar: como as famílias que não têm condições para oferecer ou contratar os serviços de um tutor ou uma escola privada deveriam proceder? Nesse caso seria uma solução viável o método dos vouchers (sugerido por Milton Friedman em 1955). O voucher é uma espécie de bolsa de estudos em que o poder público paga os estudos dos alunos, porém, diferente do bolsa escola. A idéia é basicamente a seguinte: separar o papel do governo como financiador da educação de seu papel de administrador do sistema educacional.  Esse modelo é aplicado na Suécia, Chile, EUA e tem variâncias em cada localidade. Segue um artigo.

De onde surgiu a Educação Obrigatória Moderna? A história revela que seu início tem origem nos reformadores Lutero (1524) e Calvino (1536), com ideais despóticos e totalitários. Adotada pela Prússia, com início em 1643 de forma regionalizada. Em 1717 foi inaugurado na Prússia o primeiro sistema de ensino estatal a nível nacional da Europa pelo Rei Frederico Guilherme I. Na França, veio com a Revolução Francesa: a Constituição Revolucionária de 1791 decretou instrução primária obrigatória para todos.

O que há de comum nas incursões dessa metodologia? Ações de totalitarismo e potencialidade de doutrinação como, por exemplo, a uniformização lingüística dominante, corpo docente formado pelas escolas normais do Estado, aplicações de exames de graduação para ser capaz de impor um controle estatal sobre todas as escolas. O primeiro passo era a obrigatoriedade da frequência nas escolas estatais e o não cumprimento era punido com multas ou até mesmo com a perda da guarda dos filhos. Conseqüentemente as escolas privadas foram eliminadas em alguns países e só puderam reaparecer quando se submetiam à cartilha imposta pelo Estado. Havia perseguição à Igreja Católica e seus métodos de Educação Livre, a partir das ideias de Lutero e Calvino e assim se espalhou, exceto quando o governo local ainda não tinha força ou condições suficiente para expulsar ou substituir as escolas Católicas de seus territórios. Esses fatos podem ser encontrados no livro “Educação: Livre e Obrigatória” de Murray N. Rothbard e outros por ele citado como: Fraz de Hovre, German and English Education; Otto Hintze (et al.), Modern Germany in Relation to the Great War; C.f. Carlton Joseph Huntley Hayes, A political and cultural history of modern Europe; Hebert Spencer, Social Statics; e outros.

Qual a importância da origem histórica? Perceber que o modelo atual é um método, de origem opressora, enraizado como fundamental no inconsciente coletivo. Máquina de difusão adotada para plantar ideologias na sociedade. Necessária para a implantação de regimes totalitários como Nazismo, Fascismo e Comunismo.

No Brasil isso é bem claro. É praticamente consensual a aversão à ideia da Educação Domiciliar, principalmente quando não houve nenhuma leitura a respeito, e percebe-se a negação à liberdade individual em nome de uma “autoridade”, o Estado e sua determinação de como deve ser a Educação no país. Usurpa-se a autoridade das famílias sobre a educação dos filhos.

A educação no Brasil tem um objetivo claro: alcançar índices estatísticos. X% de alunos nas escolas; Y% de analfabetismo; Z% da população com ensino superior. Entretanto o que mais aparece são os “analfabetos funcionais”. Uma grande parcela dos alunos secundaristas não consegue fazer uma leitura em voz alta, respeitando a pontuação, pronúncia e sequência lógica da frase. Ler e interpretar um texto é uma tarefa extremamente difícil para muitos. Isso não se restringe aos alunos de escolas públicas e se estende a muitos universitários. Sem contar como bem intitulou Rodrigo Constantino[iii] em seu artigo: a  "Cultura Bacharelesca", sobre a supervalorização no Brasil da obtenção do diploma de nível superior. Temos um sistema educacional intervencionista, ineficiente e falido. E não se admite por parte de muitos “educadores” a busca pela abertura a novos métodos como a Educação Domiciliar. Percebe-se que a tendência é mais intervencionismo como o sistema de entrada nas universidades através do Enem. Adota-se cada vez mais o modelo Prussiano.

As opiniões contrárias à Educação Domiciliar no Brasil são em regra as mesmas: dificuldade de fiscalização desse modelo que pode acarretar em negligencia e abandono intelectual, e, principalmente, à socialização que alguns defendem só ser possível na escola. Como demonstra este artigo do Professor Luis Carlos de Menezes[iv] e o debate entre especialistas como nesta reportagem¹ ou reportagem². O Advogado Edison Prado de Andrade[v] se posiciona:

E a socialização?

“É um ponto central. Alguns especialistas alegam que a criança, só em casa, não se socializaria. Dizem que precisa de um ambiente maior, que a família é apenas a instituição na qual se dá a educação primária, e a escola é tradicionalmente o lugar da socialização secundária. Discordo. As evidências comprovam que a escola é um lugar de socialização deficiente. Os filhos, muitas vezes, chegam lá e sofrem bullying, e isso traz problemas para a formação da personalidade. Existem outros espaços que as crianças podem fazer amigos e aprender a conviver com as diferenças. Elas vão ao parque, à igreja, ao museu. Conhecem pessoas da vizinhança, tudo de forma equilibrada, com acompanhamento dos pais”.

Evidente que não se pode permitir a negligencia e o abandono intelectual. Ademais os outros argumentos contrários à liberação da opção pela Educação Domiciliar são, praticamente, os mesmos argumentos utilizados para a obrigatoriedade instalada na Prússia. Quase sempre maquiados com o ideal de estabelecer uma nação uniforme, homogênea e igualitária. Enquanto isso, famílias como a Bueno que decidem optar pela responsabilidade da educação dos filhos são marginalizadas injustamente pela Lei.

A questão não é o fim das escolas, mas que possam elaborar seus currículos de forma livre, com metodologias diferentes umas das outras para formar pessoas com a alegria do aprender, com o desejo do conhecimento, e não alunos obcecados por “passar de ano”. Assim os pais podem ter a liberdade de escolher uma escola que tem os princípios e ideais alinhados com o seus, e, adequados com as necessidades de cada criança. Quando os pais tiverem a capacidade de fornecer por si mesmos, por que não optar pelo homeschooling? Por que dizer não à Liberdade na Educação?

Portanto, o fato é que a imposição de um modelo único de educação orientado de cima para baixo pelo Estado é a negação do princípio da subsidiariedade e da liberdade, além de ser a afirmação de um Estado totalitário intervencionista em contraposição a uma sociedade livre e justa.


R. B. Figueiredo




[i]IORIO, Ubiratan J.; Professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ; Diretor Acadêmico do Instituto Ludwig von Mises Brasil - IMB; CEO do CIEEP.

[ii]ROTHBARD, Murray N.; Educação: Livre e Obrigatória – São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2013.

[iii]CONSTANTINO, Rodrigo; Membro-fundador do Instituto Millenium e Presidente do Instituto Liberal.

[iv]MENEZES, Luiz Carlos de; Físico e Educador da Universidade de São Paulo – USP.

[v]ANDRADE, Edson Prado de; Mestre em educação e doutorando com a tese “Educação familiar desescolarizada como um direito da criança e do adolescente”, ambos pela Universidade de São Paulo – USP; em entrevista para o Correio Braziliense.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Breve reflexão sobre a perseguição socialista à Igreja Católica

Breve reflexão sobre a perseguição socialista à Igreja Católica


Os socialistas têm razão em colocar “na mira” de sua ‘causa’ a Igreja Católica e seus valores através do Marxismo Cultural. Afinal, em praticamente todas as searas do conhecimento a tradição católica traz com muito realismo percepções justas que demonstram o quanto é equivocada e injusta a ‘ideologia’ socialista. Utilizam de meios sórdidos e espúrios para inserir no inconsciente coletivo inverdades sádicas com a finalidade de orientar a sociedade à negação do catolicismo e da cultura judaico-cristã, infelizmente, até mesmo no próprio meio católico de forma disfarçada.
Não é loucura o pensamento de Gramsci: “O mundo civilizado tem sido saturado com cristianismo por 2000 anos, e um regime fundado em crenças e valores judaico-cristãos não pode ser derrubado até que as raízes sejam cortadas.”, é apenas a constatação de que pra implantação do comunismo é preciso destruir os valores judaico-cristãos. E como se dará isso? De modo lento, mutante, camaleão e através de instalações de pequenas inverdades, até se tornar verdade. Como nos demonstra o exemplo e a frase de Joseph Goebbels: “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”.

Para dar exemplo dessa necessidade posto o link deste artigo sobre economia que demonstra seus princípios ligados diretamente aos escolásticos do século de ouro espanhol: "As raízes escolásticas da Escola Austríaca e o problema com Adam Smith" “[...]as raízes da concepção dinâmica e subjetivista da economia eram de origem continental e de que, portanto, deveriam ser procuradas na Europa mediterrânica e na tradição grega, romana e tomista, mais do que na tradição dos filósofos escoceses do século XVIII. [...]Quem foram estes precursores intelectuais da moderna Escola Austríaca de Economia?  A maioria deles foram dominicanos e jesuítas, professores de moral e teologia em universidades que, como a de Salamanca e a de Coimbra, constituíram os focos mais importantes do pensamento durante o Século de Ouro espanhol”.

As grandes contribuições da Igreja para a sociedade em prol da vivência social do evangelho são negligenciadas e voluntariamente não citadas pelo sistema educacional a ponto de fazer uma caricatura da Igreja que convence a muitos, a caricatura de inimiga da ciência, da razão, de uma sociedade livre e justa.

Por exemplo: hoje no trabalho um colega me viu ler um livro sobre a história da Igreja e disse: “Não fica lendo muito sobre a história da Igreja, senão você deixará de ser católico.” E o outro emendou: “Sou católico, mas essas coisas da Igreja.” Minha resposta foi imediata: “Pelo contrário! Quanto mais eu leio mais aumenta minha fé”. Quando comecei a falar a respeito da desonestidade que se aplica em relação à Igreja fui logo cortado: “Não vou entrar no assunto com você porque religião não se discute. Meu pensamento é divergente do seu”. E sucedeu a “ditadura do silêncio” denunciada por G. K. Chesterton: “A tolerância moderna é, na verdade, uma tirania. É uma tirania porque é um silêncio”.

Os motivos em geral são: “A inquisição matou muita gente” - não deixa de ser verdade - mas é superestimada com o intuito de construir àquela caricatura. Aconselho a leitura de: "The Spanish Inquisition: A Historical Revision - Henry Karmen" Ou o livro do mesmo autor publicado pela Yale University Press. “A Igreja é contra a ciência e a razão”, mas não tem a menor idéia do que a Igreja fez em relação à busca pelo conhecimento e ciência (como o artigo acima, sobre economia, demonstra não ser verdade) ou como no livro: "The Sun in the Church: Cathedrals as Solar Observatories", de John L. Heilbron, publicado por Harvard University Press, ou ainda homens como: Nicolau Steno, considerado o “pai da geologia”; ou Athanasius Kircher, “pai da egiptologia”; ou Mendel (genética); ou Nicolau Copérnico; ou Tomás de Aquino; Agostinho; a influência dos Monges Beneditinos na reconstrução da Europa; como por exemplo: Giuseppe Moscati que era leigo, médico, cientista, professor universitário e pioneiro em bioquímica; e tantos outros.

Portanto, são completamente desonestas as afirmações negativas contra a Igreja Católica. Os erros em sua história são reflexos de julgamentos de homens e não do conhecimento produzido ao longo de muitos séculos com base na moral judaico-cristã, nos clássicos da filosofia grega, nos preceitos do direito romano, de cientistas dedicados em busca da verdade e comprometidos com um modelo metodológico honesto, aliás, o método científico foi elaborado também pelos escolásticos. Esse conhecimento produzido ao longo de muitos séculos é o foco que se pretende derrubar.


R. B. Figueiredo

sexta-feira, 5 de julho de 2013

O chamado da fé; ou: fora da zona de conforto.

O chamado da fé; ou: fora da zona de conforto.



Já havia em mim a inspiração de escrever a respeito, e com a publicação da encíclica Lumen Fidei, em particular a primeira parte do primeiro capítulo a catequese: Abraão nosso pai na fé. A chama da fé já me suscitou colocar para fora a inspiração latente. Que Deus me acompanhe nas próximas palavras.

Qual a diferença entre a vida de um santo - de alguém cuja vida seja heróica nos caminhos da peregrinação terrena - e de um cristão comum? Responde-nos nosso pai na fé, Abraão.

A resposta é a fé! E como nos fala a encíclica a fé não é um salto no escuro, mas a certeza, na confiança, de que Deus fará! A História de Abraão nos responde como tudo se dá. A primeira etapa foi escutar a voz de Deus, ou seja, permitir-se ouvir em contraponto a querer ser ouvido; depois despojar-se das seguranças, da comodidade; para só então acontecer o desejo do coração de Abraão. Pode parecer injusto que seja assim, mas isso acontece por amor e pela dureza do coração de cada um, pois em nossa visão turva não enxergamos as conseqüências de atos mal planejados e mal executados, temos a tortuosa inclinação ao imediatismo.

Primeiro, é preciso ouvir a Deus para compreender, na maior fonte primária, os motivos de nossa inquietude e anseios. Ele nos conhece por inteiro e sonda nosso profundo interior (Salmo 139). Enxergamos nosso desejo como a ponta de um iceberg o qual esconde sua maior parte imersa em águas geladas. Deus compreende bem nossas necessidades e tudo aquilo que pode ser bom para nós, assim ao ouvir sua voz pode-se ter a orientação completa a seguir e não apenas meios incompletos.

Segundo, é estar disposto a despojar-se daquilo que nos prende no mesmo lugar. Deus falou a Abraão para sair de sua terra e pôr-se a caminhar, ou seja, tirou suas falsas seguranças para libertá-lo de sua própria prisão. Aqui se dá uma das grandes diferenças de nossa pergunta, não estamos dispostos a abandonar certas coisas, e, aqui se encontra o ponto chave da conversão. A palavra é: obediência! Ouvir a Deus não é tão difícil, mas é difícil abandonar certos hábitos, certas “verdades”, aceitar e obedecer à voz de Deus. Muitas vezes nos convencemos da seguinte frase: “Eu acredito e aceito isso, mas isso eu não aceito.”, com o intuito de não querer se por em movimento, mas a vida em direção ao céu não é estática, é dinâmica. Neste ponto se encontra a zona de conforto, um local cômodo em que construímos uma fortaleza intransponível. Cria-se novamente a falsa segurança. Já o santo não se contenta com seguranças terrenas. A segurança verdadeira só existe no pós-morte, na ressurreição, quando já alcançou o céu pela misericórdia divina. Até chegar o céu a caminhada deve ser constante ou corremos o risco de assim como Moisés chegar às portas da terra prometida e não poder entrar.

Por fim, depois de tudo isso é que faz o coração aquecer toda àquela água gelada que o rodeava ao ponto daquele desejo obscuro ser iluminado pela fé e só então se alinhar perfeitamente ao desejo de Deus. Quanto amor!




Vejo-me em muitas vezes estagnado na fé ou vivendo um grande tempo de aridez, não é a princípio algo alarmante ou temerário, pois em toda vida existem os momentos de desertos. Entretanto, não deve esse tempo ser tratado com leviandade. Há um imperativo que me obriga a não conformar-me com uma vida medíocre ou demasiadamente seca e vazia: “Sede santos, assim como vosso Pai celeste é Santo.” (Mt 5, 48).

É recorrente ver pessoas cristãs reclamarem sobre suas vidas sem nem refletir sobre a reclamação ou sobre sua postura diante do pedido. São pessoas de vivências variadas: uns vivem apenas da missa aos domingos; outros têm uma extrema dificuldade de se dedicarem; outros, ainda, têm a extrema facilidade de se dedicarem a um grupo, movimento, ou qualquer outra denominação; alguns têm uma vida de oração constante, vão à missa, lêem a bíblia, rezam o terço diariamente; e tantos outros em tantas outras situações. Em todas as situações encontramos pessoas que se queixam, murmuram freqüentemente, e muitas entram em crises de fé profundas chegando até a questionar a existência ou bondade de Deus. São coisas muito comuns e não me excluo do grupo, pelo contrário, a reflexão parte de mim para fora, sempre em busca da minha conversão e do cumprimento do desejo de Deus em minha vida.
Em regra o modelo é assim: “Senhor, eu quero ‘isso’. E que seja ‘assim’, ‘assim’, e ‘assim’.” E se aplica a quase tudo, é só substituir o “isso” pelo pedido e os “assim” pelos aspectos que o pedido, para ser realizado, deve conter. Resumindo: “Senhor, entra na minha casa, entra na minha vida. Faz uma linda reforma, mas não mexe nas estruturas e nem nas paredes que eu quero que permaneçam em pé”. As dificuldades de se aprender com a catequese de Abraão não se aplica apenas aos afastados da Igreja, mas também aos mais freqüentes e dedicados. Não estamos imunes! Se for honesto consigo mesmo irá perceber quais são suas seguranças e quais são os pontos que precisam de conversão, de despojamento, de largar e se por a caminho. Eis a diferença! Os santos não se cansam de obedecer a voz de Deus, isso os sustenta, isso os impulsiona a estarem de pé e em movimento constante.




Portanto, a fé, a esperança e a caridade são virtudes necessárias na vida de todo cristão. É preciso aprender com nosso pai Abraão a ouvir a voz de Deus e obedecê-lo. Ele nos sustentará e nos humanizará, retirando de nós todos os aspectos que nos tornam selvagens em um reino perdido. Escutar e responder ao chamado da fé nos tira da zona de conforto e nos coloca a caminhar rumo à terra prometida. Cristo é a Palavra encarnada, que a Palavra se torne carne em nossos corações, a fim de cumprirmos àquele imperativo à luz da fé: “Sede santos, assim como vosso Pai celeste é Santo.”.


R. B. Figueiredo





segunda-feira, 24 de junho de 2013

Sobre as manifestações populares

O que o povo está pedindo?

Um Estado socialista, bons salários e menos impostos. E como se dará isso? Qualquer pessoa que tenha o mínimo conhecimento matemático, econômico e financeiro percebe claramente que a conta não fecha. E nunca fechará!

Os protestos convergiram em uma anarquia total, ou melhor, em um “caos de ideias claras”. O problema é que no meio dessa anarquia existem várias “coisas boas”, coisas que “ninguém aguenta mais”, ou “por tudo que está aí” e por conta dessas coisas boas envoltas em tantas outras “ideias obscuras”, milhares de pessoas de bem são carregadas, ludibriadas por uma falsa esperança.

O desejo do povo é consequência de uma cultura que vem sendo trabalhada há muitos anos, que incentiva o materialismo e o consumismo (tudo que se ganha é gasto com supérfluo: com bens materiais, desejos pessoais, egoísmos pessoais, e não com qualidade de vida, leia-se: saúde, educação, segurança, “futuro improdutivo” ou “velhice”; afinal o Estado garante tudo isso. Para que fazer poupança?), mas também se imbui aos poucos no imaginário coletivo que o socialismo/comunismo é algo bom e desejável, que é o salvador do povo de um sistema “fascista teocrático”, e muitos cristãos embarcam nessa lorota e esquecem de defender os preceitos de sua fé, persuadidos pelo “relativismo moral”. Já li muitos artigos e textos nestes últimos dias de pessoas ligadas a esquerda ou socialistas declarados, são todos favoráveis às agendas progressistas (a favor do aborto, a favor da libertinagem sexual, contra os preceitos cristãos, anticapitalistas, e por aí vai), não se engane!, quando você vota em alguém que é a favor dessa agenda você está concordando e dando seu voto para que essa agenda seja aprovada, e isso não incluí apenas a pessoa do político, mas o partido todo. Cito os artigos do Olavo de Carvalho para a melhor compreensão: http://www.olavodecarvalho.org/semana/031218jt.htm http://www.olavodecarvalho.org/semana/040101jt.htm http://www.olavodecarvalho.org/semana/040108jt.htm 

A coisa pode vir a ficar pior, bem pior! A bolsa da China fechou em queda de 5% esta noite, o Brasil só não está pior por causa da “Mãe China”, se não fosse a parceria o Brasil teria sucumbido nas recentes crises econômicas mundiais. E o cenário começa a ficar tenebroso! Cito o Rodrigo Constantino:
A política econômica é perceptivelmente um fracasso e só serve para dar um ar de “vida boa”, como bem explicou o Marcelo Cerri sobre o que é essa política econômica expansionista vivida no Brasil e na China: “imagina que você é um adolescente e seu pai faz um empréstimo de 500 mil no banco. Daí ele dá um carrão pra você, outro pra sua irmã, compra uma lancha, leva todo mundo pra passear em Paris etc. Você terá a impressão de que está rico, que seu pai anda trabalhando bem com o dinheiro, mas espere uns meses e verá! Analogamente acontece com o Brasil. A política econômica que o Brasil tem adotado desde a entrada de Mantega no MF é a mesma adotada nos anos 70 pelo governo Geisel e as consequências também são as mesmas.”. O pior que o que vemos é a coisa piorando: congelamento de preços e a imposição de vontades por fora do sistema democrático (imperfeito) que nós temos. E estamos seguindo os passos da nossa querida Argentina. Não demora e viveremos momentos de hiperinflação. Corra e compre o seu freezer! Ou seria: "Corram para as colinas!"?

E realmente tem gente que acha que a solução é mais Estado, mais Governo. Não é! Mas isso não significa que a solução seja a inexistência do Estado e nem a do Governo, eles são necessários, minimamente.

Ah! Para os revoltosos que não sabiam nem por que estavam “lutando” ou para aqueles que bravejavam “as 5 causas”, procurem ler pelo menos um pouco a respeito de cada coisa, e não se atenha apenas a resumos dos pensamentos progressistas, conservadores ou liberais. Essa cultura do brasileiro de acreditar nos resumos é que faz com que a mídia seja tão eficaz.

Boa sorte Brasil! Que Deus nos abençoe. Vamos precisar!


MARANATHÁ!

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Crítica à rebeldia dos “livres pensadores” de hoje.


Hoje a regra dos denominados “livres pensadores” é a seguinte: “Vamos ser contra tudo o que a Igreja diz! Não importa a qual custo. Vamos argumentar de todas as formas possíveis. Para mostrar que a Igreja está errada. Afinal, ‘Die Religion... Sie ist das Opium des Volkes, já dizia o magnânimo, excelentíssimo, senhor nosso, o venerável Karl Marx ao criticar a obra de Hegel em 1844. E ele estava certo! Sempre estará!”. Como disse G. K. Chesterton: "Homens que começam lutando contra a Igreja em nome da liberdade e humanidade acabam por abrir mão da liberdade e da humanidade para poder lutar contra a Igreja".

Veja, concordo com Marx ao criticar a religião “enquanto felicidade ilusória dos homens”, pois é isso que boa parte das pessoas “religiosas” buscam na religião: sentir-se bem consigo mesmo e assim acreditar ser mais puro que os outros homens; sentir-se “em alfa”; sentir-se livre do horror do mundo; etc. Nesse aspecto essa religião torna-se o ópio do povo. Contrariamente a tudo isso é que se encontra a doutrina cristã, a qual coloca o mais límpido espelho a frente do individuo e assim ele tem de perceber-se tão pecador como qualquer outro; que insere o individuo na realidade de sua vida pessoal e o retira do nirvana; que o faz perceber que todos os horrores do mundo são reais e tudo o que o homem é capaz de fazer. E, mesmo assim traz uma mensagem de esperança que não se encontra na capacidade humana – pois todo homem é capaz de cometer todo tipo de maldade – mas na perfeição divina. Portanto, a doutrina cristã leva o homem “a exigência da sua felicidade real” e não a felicidade que o mundo materialista e hedonista prega. Como diria C. S. Lewis: “Se você quer uma religião confortável, eu definitivamente não aconselho o cristianismo”. O erro do discurso de Marx é depositar toda a confiança do homem em si mesmo, tornar o homem o seu próprio sol, mas esse sol é muito limitado e sua luz opaca e imperfeita, assim ele próprio cai na ilusão que critica e invalida sua própria filosofia.

A regra dos atuais “livres pensadores” é como um jovem cujo sonho é estudar na universidade mais concorrida de seu país, mas se revoltou contra o conselho de seu pai, e dizia que estava a podar sua liberdade, que isso tudo era um absurdo. Seu pai por experiência tinha-lhe dito: “Filho, não saia de casa no período da tarde para jogar futebol na praça. Fique em casa e estude para o vestibular.”.

O grande problema dos debates de hoje em dia é que todos argumentam como quem discute Futebol Americano sob o ponto de vista do Futebol (Soccer) da FIFA. Ora, é impossível que se entendam e cheguem a um acordo racional e lógico. Para analisar a lógica de qualquer sentença é imprescindível compreender suas premissas básicas e tomá-las – ainda que não as aceite como verdade – por verdadeiras, só então o contra argumento terá lógica e coesão.

Não se deve julgar o cristianismo pelo que alguns cristãos dizem e muito menos pelo que muitos praticam em suas vidas, nisso eu também me incluo. Pois somos todos homens capazes de toda atrocidade possível. E aqui se encontra novamente o erro de Marx, pois seu julgo recai sobre a atitude dos religiosos e não sobre o estudo da doutrina. Assim, acredita que a solução pra liberdade é confiar plenamente em suas próprias capacidades humanas e desprendimento de qualquer doutrina orientadora. Ora, como é incoerente fazer uma pregação e negá-la logo em seguida. É claro, existe muita coisa boa sendo dita, escrita e praticada, mas deve-se comparar se está de acordo com a doutrina antes de criticar. Ao contrário do que se acredita o Método Teológico Cristão em nada é um adversário da Razão.

As investidas de movimentos como o Femen e tantos outros movimentos correlatos contra a Igreja e seus preceitos são incoerentes e irracionais. Negam sua própria causa e demonstram até que ponto certas filosofias se tornam o ópio do povo. Não demora e veremos perseguição contra os cristãos iguais ou até piores as do Século I e seguintes.

R. B. Figueiredo



Confira:






E esses são só alguns casos recentes da barbárie que se pratica nos dias de hoje em nome da liberdade e da razão.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

A questão da Liberdade de Expressão e da Homossexualidade.


Há muito leio e vejo tanta desordem e opiniões inacreditáveis (embora por direito livres de serem ditas) a respeito do que se discute em vias públicas sociais, reais e ou virtuais. O certo é que há exageros de ambas as partes, e, mais certo ainda que exista muita ignorância sendo vomitada em demasia. Alerto a quem se aventure na leitura deste texto que não ouso que este seja a verdade suprema, mas o exercício da minha liberdade de expressão e opinião pautadas no meu mísero conhecimento e experiência pessoal de vida.

[Antes de me julgarem preconceituoso e homofóbico faço alusão à minha experiência no curto espaço-temporal de vida que percorri. Tenho um tio homossexual a quem nutro amor imenso; já participei de uma companhia de dança em que tive colegas homossexuais; no grupo de esportes radicais que sou integrante convivi e instruí alguns; no teatro também convivi; na faculdade tem muitos; até mesmo na igreja. Convivi com homossexuais tanto do sexo feminino como do masculino, e sempre os tratei com respeito e afeto, inclusive quando recebi “flertes” pude expor que não era minha orientação sexual com muito respeito e tolerância, portanto já quebre a tendência e o pré-conceito em me declarar intolerante e preconceituoso simplesmente por manifestar a minha opinião. Acusar-me de tal delito seria objetivamente um tiro que saiu pela culatra.
Interessante notar que na atual conjuntura faz-se necessário escrever o parágrafo anterior antes de exercer a liberdade de expressão. Supostamente, o direito é pleno e eficaz sem ter de me resguardar para não ser processado pelo exercício de um direito positivado na Constituição Federal em vigência.]

Alguns amigos católicos já expressaram não saber como lidar ou expressar suas opiniões a respeito da questão, muito menos com os próprios adeptos da orientação homossexual. Em contra partida a reação é quase como a de se pisar em um ouriço, em que se não tomar as devidas precauções pode-se sofrer o infortúnio dos espinhos dolorosos. Também já presenciei católicos expressando asperamente todo tipo de imperícia no que diz respeito ao tema no Catecismo da Igreja Católica (CIC). Li textos de pessoas famosas, consideradas formadoras de opinião, repletos de considerações equivocadas (não citarei nomes por não saber se a autoria procede). Assim a bola de neve se forma, configurando uma situação de tensão social desnecessária e muito delicada. É como escutei várias vezes: vivemos em um mundo onde todos querem dar opinião sem ao menos pesquisar e entender o mínimo a respeito do argumento contrário.

Aos amigos católicos, eu diria que o CIC trata o tema de forma clara, sucinta e objetiva, vejamos: “Um número considerável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas. Esta propensão, objetivamente desordenada, constitui, para a maior parte deles, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição” (2358 CIC), o parágrafo começa considerando que as motivações para as tendências homossexuais são relevantes, e diz claramente que não se deve agir com intolerância, ou seja: “Amarás teu próximo como a ti mesmo”, são tão dignos de serem amados como qualquer outro, e à luz da própria doutrina cristã eles podem exercer o direito natural do livre-arbítrio e se relacionarem como queiram, ainda assim, suas escolhas devem ser respeitadas por todos. Porém, deve-se também ser respeitada a opinião em contrário, é do mesmo modo um direito natural não concordar com a prática sexual dos homossexuais.

Os textos que li anteriormente, atribuídos às pessoas famosas, argumentam que a união homossexual, a qual os cristãos defendem não ser natural, é percebida na natureza animal; dizia que outras sociedades, não cristãs, sempre aceitaram como algo normal a homossexualidade e, portanto, seria um argumento inválido dizer que a união homossexual é contrária à lei natural. Perceba que o afirmativo é traçado em cima de uma linha de raciocínio baseada na ação de animais irracionais e numa sociedade em que o conceito de moral era hedonista e egocêntrico (conceito que vem crescendo novamente com a ditadura silenciosa do materialismo), como por exemplo: os povos bárbaros, gregos antigos, romanos pagãos, entre outros. Sociedades em que: assassinato era sinal de honra para os bárbaros; eliminar pessoas consideradas “imperfeitas”, por uma deficiência física, para os espartanos; matar crianças ser comum quando o sexo do bebê não fosse o desejado; dentre inúmeros costumes impetuosos e de execução absolutamente condenadas pela Declaração de Direitos Humanos. Atitudes repudiadas por qualquer pessoa de moral ocidental.
Vejamos o que o CIC diz: “A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que experimentam uma atração sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e das culturas. A sua gênese psíquica continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves, a Tradição sempre declarou que «os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados». São contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados”. (2357 CIC), ou seja, a doutrina explica que na perspectiva cristã o natural é a possibilidade de perpetuação da criação divina por meio de uma ação humana chamada procriação (na própria palavra percebe-se o intuído de cooperar com a criação: “pró-criação”), nessa perspectiva a relação homossexual torna-se absolutamente contrária à lei natural, o que nada tem a ver com a relação do mundo na natureza animal (macacos, gorilas, cachorros, ratos).
Ao contrário do conceito de natural desenvolvido pelos defensores do casamento gay, o cristianismo convida seus praticantes a serem santos: “Sede santos como o vosso Pai celeste é Santo” (Mt 5, 48), é um convite a ser diferente, a não ser como o comum (profano), a palavra “santo” no hebraico partiu de um outro conceito primitivo, o conceito de “separação” em que separa o sagrado do profano. Aqui, no mundo, o comum é ser como os animais irracionais ou como as sociedades hedonistas em que o que vale é saciar todo o desejo do homem e, assim, acaba por se tornar escravo de seus próprios desejos. Já o cristianismo convida o homem ao autocontrole, a ter domínio de seus desejos, o que o torna inteiramente livre. Neste sentido é que o CIC diz: “As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes do autodomínio, educadoras da liberdade interior, e, às vezes, pelo apoio duma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem aproximar-se, gradual e resolutamente, da perfeição cristã” (2359), esse chamado a vida casta não se restringe somente a eles por serem homossexuais, ele é feito a todos os namorados, a todos os solteiros, a todos os casais que vivem um matrimônio com algum tipo de impedimento (como casamentos de segunda união) até que se regularize a situação, aos religiosos, e assim por diante. Pois, a relação sexual faz parte de um sacramento em renovação da aliança feita entre homem, mulher e Deus, ou seja, o matrimônio.

Aos homossexuais, deve-se dar e garantir todos os direitos civis de união estável. Por motivos financeiros e de justiça, baseado na produção patrimonial dos indivíduos e no próprio livre-arbítrio. Porém, deve-se coerência às escolhas efetuadas. Qualquer criança compreende que as suas escolhas levam a certos resultados, qualquer equação demonstra que as variáveis determinam o produto. “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas” (Antoine de Saint-Exupéry), portanto se escolhes uma relação homossexual, aceitas que não poderá fazer parte na cooperação da criação, ou seja, dessa relação jamais será possível dar origem a uma nova vida. É isso que a Igreja e os cristãos não podem, em hipótese alguma, aceitar ou aprovar, não se pode equiparar uma relação homossexual a uma relação familiar com os frutos de uma relação afetiva entre homem e mulher. É simples, é uma questão puramente de coerência na escolha. Tem-se o direito de escolher, mas também arcar com as consequências da escolha. Essa mesma consequência é aceita por aqueles que decidem, livremente, viver uma vida de Religiosos Consagrados (Monges, Freiras, Freis,...), Padres, Bispos, Papa.

Não vou me debruçar a respeito de certos aspectos da discussão como a imposição de não se poder usar o termo “homossexualismo”, em que se argumenta que tem conotação de classificar, pelo sufixo, como doença. No entanto encontram-se centenas de palavras com o mesmo sufixo e a maioria nada tem a ver com tipos de doença. Ou classificar a relação homossexual como homoafetiva, pois afeto por pessoas do mesmo sexo todos tem, ou os filhos do sexo masculino nutrirem afeto pelo pai, ou por um amigo, ou por um irmão é homossexualismo? O que diferencia um do outro são o desejo (tendência) e a prática (atividade) do ato sexual com pessoas do mesmo sexo.

Qualquer um pode discordar do que escrevi e isso é liberdade de expressão. O que não pode ser tolerado é eu não poder me expressar, isso seria censura e intolerância, aspectos claros de um estado não democrático, ou melhor: ditatorial.

R.B. Figueiredo