quarta-feira, 27 de março de 2013

Disse o Papa Francisco: “Nunca sejais homens e mulheres tristes: um cristão não o pode ser jamais!".


Olá! Faço parte de um movimento da Igreja Católica Apostólica Romana, chamado Equipes de Jovens de Nossa Senhora – EJNS, que tem como carisma: “As EJNS são um movimento católico, cristocêntrico, que propõem a seus membros uma vida de equipe para ajudá-los a progredir em esclarecido no amor de Deus e do próximo.” (www.ejnsbrasil.com.br), a bem da verdade na Equipe de Base a qual faço parte e que temos como padroeira Nossa Senhora Rosa Mística, esse esclarecimento se dá por meio de estudos doutrinários e teologais com a ajuda de nosso conselheiro espiritual.

Essa semana uma irmã de equipe manifestou uma alegria ao citar a frase que o Papa Francisco disse no domingo de ramos: “O cristão não pode ser triste nunca.”. Inspirado no carisma das EJNS eu fiz um questionamento a fim de não ficar na superficialidade da frase o que poderia levar a ideia de que o cristão deve estar sempre alegre e saltitante (risos). A meu ver não tem nada de superficial, muito pelo contrário, há uma riqueza profunda de embasamento nesta frase tão simples. E as perguntas foram:

Quais os motivos para o Papa afirmar isso? Não ser triste é apenas ser sempre sorridente e agitado ou a felicidade se mostra de outras formas?

Houve várias respostas ótimas e bem interessantes, mas vou citar a minha, pois escrevê-la me levou a uma reflexão que externarei mais a diante.

Nossos irmãos primogênitos, os Judeus, estavam à espera do messias e isso preconizava uma triste realidade: os céus estavam fechados à humanidade. Portanto, os momentos de dificuldade eram acompanhados de grande falta de esperança e uma sensação profunda de abandono, o que levava a uma tristeza imensa, como até mesmo o próprio Cristo disse para se referir aos salmos, no momento de sua angustia suprema: "Minha alma está triste até a morte" (Mt 26, 38).
No salmo 41 o salmista nos trás essa perspectiva: "'Porque estás triste, ó minha alma, e te perturbas dentro de mim? Espera em Deus: ainda o poderei louvar, a Ele, salvação do meu rosto e meu Deus' (Sl 41, 6. 12; 42, 5). Este apelo, repetido duas vezes no mesmo Salmo, e uma terceira vez no Salmo seguinte, é um convite dirigido pelo que reza a si mesmo, com vista a afastar a tristeza por meio da confiança em Deus, que certamente se manifestará de novo com o Salvador." (Papa João Paulo II, Quarta-feira, 16 de janeiro de 2002) ou seja, havia uma angustia na espera pelo salvador, com Cristo e sua ressurreição não há motivo algum pare se angustiar e entristecer, pois Cristo está conosco a todo momento, espiritualmente e corporalmente na Santíssima Eucaristia.  Com sua ressurreição a morte foi derrotada e as portas dos céus se abriram e com a ascensão de Cristo nossa humanidade adentrou os céus.
Portanto, todas as dificuldades que passamos na terra são permitidas por Deus para nossa própria conversão: "Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então tu a cortarás." (Lc 13, 8-9) ou seja, não há motivos para se revoltar, quando Deus permite que o vinhateiro coloque "bosta", "merda", "esterco" em nossas vidas é para que nos convertamos, pelo contrário, é por meio de nossos sofrimentos, é abraçando nossa cruz e seguindo a Cristo que entraremos com Ele nos céus: "Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz sobre si e segue-me." (Mt 16, 24) . Assim, o Cristão não pode nunca ser triste, pois ele tem a certeza da felicidade eterna, independente de qualquer tormenta em sua peregrinação terrena.

E ainda poderia ter citado na resposta a vida de vários santos como a Beata Chiara Luce Badano do movimento dos Focolares (aconselho a pesquisar a respeito da vida dessa menina), uma história recente e muito comovente.
Entretanto, minha própria resposta me levou a uma reflexão: Muito legal ter chegado a essa resposta, mas quão difícil é viver isso de fato. Percebi que chegar a essa vivência seria praticamente ser santo, e falta-me muito, muito mesmo para chegar lá, pois sou um pecador e escravo dos meus mais íntimos pecados.
Em outro texto (publicado neste blog) comentei sobre dois tipos de viver a fé cristã, seria a simples fé sem questionamentos, e a fé que busca compreender o motivo das coisas por meio do estudo. Esse texto foi muito criticado, pois aparentou ser uma critica ao primeiro tipo de vivência da fé cristã, mas nunca foi minha intenção. Tudo isso me levou a perceber que o modo como estudamos na Equipe de Base que faço parte e influenciado por uma frase que ressoa há muito tempo em meu coração: “É preciso conhecer para amar.” (ouvi de um Padre no Encontro Nacional das EJNS realizado em 2004 no Rio de Janeiro), me levou a ter uma fé igual à de São Tomé, na qual eu preciso entender para acreditar. Felizes os que acreditaram sem ver! Agora admiro mais os que têm a fé e levam uma vida santa até a morte sem buscar compreender e estudar a fé que professam, mesmo acreditando que no mundo em que vivemos ter esse tipo de conduta é um tanto quanto perigoso demais.
Quanto mais estudo, mais me apaixono. Quanto mais estudo, mais compreendo que só serei salvo pela misericórdia do Pai, pois eu nada sou.
Suplico a meu Pai Celeste que já que me deste este coração reticente, conceda-me a graça de viver plenamente tudo aquilo que concluo em meus estudos. Ajuda-me, Senhor!

R.B. Figueiredo



Homília do Domingo de Ramos do Papa Francisco: http://www.vatican.va/holy_father/francesco/homilies/2013/documents/papa-francesco_20130324_palme_po.html