quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Sim, cota étnica é política afirmativa!

Sim, cota étnica é política afirmativa!


A justificativa para se implantar políticas de cotas raciais perpassa os horizontes da exploração escravista de nossos antepassados. Tal regime, que por muito tempo não foi absurdo algum, nem mesmo entre os escravos de qualquer etnia, nunca deixou de ser desumano por uma razão muito simples: qualquer que seja o regime que negue direitos fundamentais e subtraia a liberdade individual é, em si, desumano.

Afinal, as cotas são para reparar os diretamente afetados pelos abusos cometidos no passado, por motivos eleitoreiros, ou simplesmente para aumentar o quantitativo de epidermes com alta concentração de melanina na população aprovada?

Outras perguntas que devem ser respondidas antes de qualquer posição: quem, hoje em dia, no Brasil, ou, qual a percentagem de indivíduos que colhem os frutos do regime escravista de modo que este obtenha vantagens por causalidade direta? Quem, hoje em dia, no Brasil, ou, qual a percentagem de indivíduos que não têm nenhuma descendência negra ou índia? É justo uma pessoa que tem um histórico familiar de necessidades e superações ser penalizada apenas pelo, no caso, azar de não ter herdado em seu fenótipo produção x de melanina?

A política de cotas étnicas é tardia, e, por isso, ineficiente no cumprimento de sua justificativa histórica. Se eleitoreiro é abuso e hipocrisia governista – basta consultar os dados do próprio IBGE para constatar. E, é segregacionista se o motivo for pura e simplesmente a tonalidade da pele. Portanto, cotas étnicas são inviáveis, imorais e não razoáveis.

A meu ver – no caso dos concursos públicos que têm como base a meritocracia – o problema é a formação educacional. É incoerente um concurso de nível médio (fase escolar secundarista) conter matérias pertencentes a cursos de ensino universitário. O ensino secundário no Brasil tornou-se um curso pré-vestibular e não de formação técnica como exigem os certames de concursos públicos (técnico administrativo, técnico judiciário, técnico...). O caminho que deveria ser trilhado é a melhoria do ensino fundamental (através de vouchers), abertura à liberdade de o ensino secundário promover diversos cursos técnicos e, assim, formar profissionais qualificados para o mercado de trabalho. Entretanto espalhou-se a cultura “bacharelesca” e se nivela cada dia mais por baixo a qualidade dos formandos no ensino superior, os quais muitas vezes não chegariam nem perto da eficiência de um bom técnico. Essa é a agenda para promover acessibilidade a todos os que querem, de fato, vencer na vida e não viver nas abas de um paternalismo de Estado.

Política afirmativa? Sim! Afirmativa de que somos preconceituosos, racistas, segregacionistas, e, em muitos casos preguiçosos!


R. B. Figueiredo