sexta-feira, 31 de agosto de 2012

"Tears stream down your face
I promise you I will learn from my mistakes" (Fix You - Coldplay)
 
 


A culpa


-A culpa é minha!
Esbravejou o doce anjo.

O fato é que a culpa nunca é de ninguém.
Não há como obter a posse da culpa.
Trazer a culpa para si é se auto-consolar.
Essas dores são resultado de tantas outras:
Afeto, ansiedade, angustia, antropofagismo próprio.

Acomodar a culpa no peito é irracionalismo natural.
É justificar a conduta falha sem pensar,
Sem querer raciocinar,
Pois, fazê-lo é ter que agir de outro modo.
Ninar a culpa é se fantasiar
Pra não revelar a face nua e crua.
Difícil é aceitar que nenhuma é despojada de imperfeições.

Revestir-se de culpa é diminuir-se diante do medo.
Medo de se arriscar e expor.
Medo de não gostar do que se pode ver.
Medo de se afogar.
Como li outrora:
“É necessário sair da ilha para ver a ilha.
Não nos vemos se não saímos de nós”.

-A culpa é minha!
Esbravejou o doce anjo.

Depois de algum tempo ele bateu suas grandes asas.
E lá do alto observou melhor.

-Olha!
Admirou aquele anjo, e sorriu.
Sorriu porque a culpa não feriu o coração.
Sorriu porque não a deixou que tomasse posse e obscurecesse sua visão.
Sorriu.

-Amanhã farei melhor!
Dulcificou o doce anjo.


R. B. Figueiredo

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